sábado, 28 de agosto de 2010

Aprender tem de ser sempre divertido?

  O professor William Ayers alistou dez mitos sobre o ensino. Um deles é: “Os bons professores ensinam divertindo.” Ele continua: “A diversão distrai e é agradável. Os palhaços são divertidos. Brincadeiras podem ser engraçadas. Já aprender pode ser envolvente, absorvente, surpreendente, intrigante, cativante e muitas vezes bem agradável. Se for divertido, muito bem. Mas não precisa sê-lo todo o tempo.” Ele acrescenta: “Ensinar requer amplo conhecimento, habilidade, talento, bom critério e compreensão — e acima de tudo, uma pessoa atenciosa, que se interesse pelos alunos.” — To Teach—The Journey of a Teacher.
  Sumio, de Nagoya, Japão, encontra o seguinte problema entre os alunos: “Muitos alunos do ensino médio não têm interesse em nada a não ser em se divertir e fazer coisas que não exijam nenhum esforço.”
  Rosa, conselheira estudantil de Brooklyn, Nova York, disse: “A atitude geral dos alunos é de que aprender é chato; que o professor é chato. Eles acham que tudo devia ser divertido. Não entendem que aprender depende do esforço de cada um.”
  Pensar só em se divertir torna mais difícil para os jovens se esforçarem e fazerem sacrifícios. Sumio, acima citado, disse: “O problema é que eles não conseguem enxergar as coisas em longo prazo. São pouquíssimos os alunos do ensino médio que enxergam que o esforço de hoje será compensado no futuro.”

O que faz com que um professor seja bem-sucedido?

  Como definiria um bom professor? É aquele que consegue desenvolver a memória da criança para que consiga repetir fatos e passar nas provas? Ou é alguém que ensina o aluno a questionar, a pensar e a raciocinar? Qual deles ensina a criança a se tornar um bom cidadão?
  “Quando nós, como professores, reconhecemos que somos parceiros com nossos alunos na longa e complexa jornada da vida, quando começamos a tratá-los com a dignidade e o respeito que merecem como seres humanos, estamos no caminho certo para nos tornarmos bons professores. É tão simples assim, mas igualmente desafiador.” — To Teach—The Journey of a Teacher.
  Um bom professor reconhece o potencial de cada aluno e sabe explorar isso. William Ayers comenta: “Precisamos encontrar um método melhor, capaz de explorar pontos fortes, vivência e habilidades . . . Lembro-me do pedido de uma americana nativa cujo filho de cinco anos fora rotulado de ‘lento na aprendizagem’: ‘O Lobo do Vento sabe o nome e o padrão de migração de mais de 40 aves. Ele sabe que uma águia tem de ter 13 penas na cauda para poder se equilibrar. O que ele precisa é de um professor que entenda e valorize o seu potencial.’”
  Para melhor aproveitar o potencial de cada criança, o educador precisa descobrir o que a interessa ou motiva e o que faz com que ela se comporte ou pense de determinada maneira. E o professor dedicado precisa amar as crianças.

Poucos professores para muitos alunos

Berthold, de Düren, Alemanha, expressou outra queixa comum: “As classes são muito numerosas! Algumas têm até 34 alunos. Isso significa que não temos condições de prestar atenção aos alunos com problemas. Eles passam despercebidos. As necessidades individuais são negligenciadas.”
Leemarys, já citada, explicou: “No ano passado, meu maior problema era, além de pais indiferentes, ter 35 crianças na classe. Imagine ensinar 35 crianças de seis anos!”
Iris disse: “Aqui em Nova York há escassez de professores, principalmente de Matemática e de Ciências. Eles conseguem um emprego melhor em outro lugar. Assim, a cidade contratou muitos professores estrangeiros.”
É óbvio que o magistério é uma profissão que exige muito. O que faz com que muitos professores continuem motivados? Por que continuam na profissão e não desanimam? O último artigo desta série responderá a essas perguntas.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Apóie seus filhos

(1) Interesse-se a fundo pelo que seus filhos aprendem na escola. A melhor ocasião para iniciar é quando a criança começa a ir à escola. Os filhos mais novos em geral aceitam melhor a ajuda dos pais do que os adolescentes.

Leia junto com seus filhos. “Cerca de 75% do aprendizado formal”, segundo David Lewis, “ocorre via leitura”. Você poderá assim desempenhar um papel importante no desenvolvimento da fluência na leitura de seus filhos. Pesquisas indicam que o progresso de crianças que são ajudadas a ler em casa não raro é maior do que o de jovens que recebem assistência de especialistas na escola.

Poderá também ajudar seus filhos nos exercícios de caligrafia, e, por que não, de aritmética. “Você não precisa ser um gênio em matemática para ajudar no ensino de matemática básica”, diz o educador Ted Wragg. Naturalmente, se você mesmo carece de ajuda nessas áreas, não permita que a sua inabilidade o impeça de interessar-se pelo que seus filhos aprendem.

(2) Consulte os professores de seus filhos a respeito do currículo. Pela leitura do prospecto da escola, descubra o que se ensinará aos seus filhos. Fazer isso antes de começar o ano letivo o alertará a áreas problemáticas. Daí, uma visita ao professor para considerar como seus desejos parentais podem ser respeitados, pavimentará o caminho para uma boa cooperação. Aproveite as reuniões que a escola organiza para aproximar pais e professores. Se for costume em sua região, nos dias abertos a visitas, vá à escola e fale com os professores de seus filhos. Esses contatos são inestimáveis, especialmente quando surgem problemas.

(3) Ajude os filhos a fazer uma opção. Conheça os gostos e as aversões de seus filhos. Fale a respeito de alvos meritórios. Consulte os professores para saber quais são as opções.

A comunicação aberta pode evitar ressentimentos. Muitas escolas pressionam os alunos mais brilhantes a buscar educação superior. Mas os estudantes que fazem do ministério cristão a sua carreira geralmente evitam uma extensa educação universitária. Em vez disso, quando optam por uma educação suplementar, preferem algum estudo que os habilite a sustentar a si mesmos. Professores conscienciosos às vezes encaram isso erroneamente como rejeição de tudo o que eles tentaram ensinar. Explicar pacientemente aos professores as possibilidades de educação adicional para o seu filho no campo que ele escolheu convencerá os professores de que os pais cristãos realmente desejam que seus filhos continuem a aprender.

Os papéis dos pais e dos professores

“Os pais são . . . os mais importantes educadores de seus filhos”, afirma Doreen Grant, autora de um estudo sobre a influência da escola no ambiente familiar. Mas como pai, ou mãe, talvez ache difícil aceitar esta idéia.

Talvez observe que os métodos de ensino mudaram muito desde seus tempos de escola. Hoje as escolas ensinam matérias antes desconhecidas, tais como estudos sobre a mídia, saúde e microeletrônica. Isto tem levado alguns pais a ter um contato mínimo com a escola. “Falar com os professores dos filhos pode levar o mais autoconfiante adulto a se sentir como se tivesse cinco anos de idade e um metro e vinte de altura”, escreve o Dr. David Lewis em Help Your Child Through School (Ajude Seu Filho na Escola). “Em vez de discutirem dificuldades ou preocupações com professores em termos de igualdade, alguns revertem ao comportamento infantil.”

De fato, alguns pais só procuram os professores de seus filhos em caso de problemas sérios. E daí, quase sempre, para se queixar. Mas os pais podem, e muitos o fazem, dar uma contribuição significativa à educação de seus filhos por cooperar com os professores.

Faz parte do dever parental que você examine e se interesse pelo que seus filhos aprendem na escola. Por quê? Porque os professores, profissionalmente, servem como seus agentes morais. Os valores que defendem afetam seus alunos, pois as crianças encaram seus professores como modelos. Por sua vez, a maioria dos professores acolhe bem a cooperação dos pais de seus alunos.

Certo diretor de escola do sul da Alemanha escreveu aos pais: “Ficou óbvio para nós, professores, mais do que em anos anteriores, que uma inteira parcela de nossos alunos, especialmente os que entram na escola [na Alemanha, aos seis anos de idade], são agora muito empedernidos e insensíveis, totalmente malcriados. Muitos são completamente desenfreados, não conhecem limites; não têm sentimentos de culpa; são extremamente egocêntricos, anti-sociais; e ficam agressivos sem razão evidente, esganam e chutam os outros.”

Este educador continuou: “Ainda que nós, professores, tenhamos com isso muito mais dificuldades, não queremos nos queixar. Mas temos de reconhecer que, apesar de todos os esforços, a escola não pode, sozinha, educar e criar os filhos. Gostaríamos de incentivá-los, estimados pais, a que vocês mesmos tenham uma participação maior na educação dos filhos, sem delegar à televisão ou às ruas aquilo que na verdade é a parte dos pais na responsabilidade do desenvolvimento da personalidade dos filhos, ensinando-lhes normas de comportamento.” — O grifo é nosso.

Mesmo quando os professores fazem este tipo de apelo, muitos pais relutam em ajudar. “Não por serem negligentes, ocupados demais ou lhes faltar confiança”, diz David Lewis, “mas devido à sua firme crença de que o melhor, ou o pior, desempenho escolar da criança pouco tem a ver com a criação e tudo a ver com os seus genes”. Mas este conceito simplesmente não é correto.

Assim como os problemas domésticos não raro afetam o desempenho escolar da criança, uma boa vida familiar pode ajudar a criança a tirar o maior benefício possível da escola. “A família responde pelo sucesso ou fracasso educacional muito mais do que a escola”, conclui certa pesquisa educacional. O livro How to Help Your Child Through School concorda: “Mesmo os pais mais ocupados devem reconhecer que a sua atitude — seu interesse e encorajamento, e o apoio que dão, mesmo quando não presentes em pessoa — pode ser crucial para o progresso dos filhos.”

Por que faltam professores?

Para Yoshinori, com 32 anos de magistério no Japão, “lecionar é um trabalho nobre com bom incentivo, sendo muito respeitado na sociedade japonesa”. Infelizmente, isso não acontece em todas as culturas. Gregorian, já mencionado, disse que os professores “não têm o respeito, o reconhecimento nem a remuneração que merecem como profissionais. . . . Na maioria dos Estados [americanos] o professor tem um salário mais baixo do que qualquer outra categoria profissional que exija o grau de bacharelado ou de mestrado”.

Ken Eltis, citado no início, escreveu: “O que acontece quando os professores descobrem que muitos empregos que requerem bem menos qualificações profissionais pagam muito mais? Ou quando jovens que foram seus alunos há apenas um ano estão ganhando mais do que eles ganham ou até do que poderão ganhar daqui a cinco anos? Essa constatação forçosamente põe em xeque a auto-estima do professor.”

William Ayers escreveu: “Os professores são mal remunerados. . . . Ganhamos em média um quarto do salário dos advogados, metade do que ganham os contadores e menos do que motoristas de caminhão e estivadores.  . . . Não existe outra profissão que exija tanto da pessoa e em que a compensação financeira seja tão pequena.” (To Teach—The Journey of a Teacher) Falando sobre o mesmo assunto, Janet Reno, ex-procuradora-geral dos Estados Unidos, disse em novembro de 2000: “Podemos mandar homens à Lua. . . . Pagamos uma enorme quantia aos nossos atletas. Por que não podemos pagar os professores?”

“Os professores em geral são mal remunerados”, disse Leemarys. “Com todos os anos de estudo, ainda recebo um pequeno salário anual aqui em Nova York. Isso sem falar no estresse e na agitação que a vida na cidade grande acarreta.” Valentina, professora em São Petersburgo, Rússia, disse: “O trabalho do professor não é reconhecido, se for avaliar pela renda. A remuneração sempre foi abaixo do piso salarial.” Marlene, de Chubut, Argentina, concorda: “Por causa dos salários baixos, somos obrigados a trabalhar em dois ou três estabelecimentos, correndo de um lugar para outro. Isso sem dúvida prejudica a qualidade de nosso trabalho.” Arthur, professor em Nairóbi, Quênia, disse à Despertai!: “Com a piora da situação econômica, não é fácil ser professor. Muitos dos meus colegas admitem que os salários baixos não incentivam as pessoas a ingressar na profissão.”

Diana, professora em Nova York, queixou-se da enorme quantia de papéis que toma muitas horas dos professores. Outro professor escreveu: “Passamos a maior parte do tempo no mesmo ritual de repetição e rotina.” Uma queixa comum era: “O dia inteiro temos formulários e mais formulários malucos para preencher.”

Mães adolescentes

Outro grande problema é a atividade sexual dos adolescentes. George S. Morrison, autor de Teaching in America, fala sobre a situação nos Estados Unidos: “Cerca de 1 milhão de adolescentes (11% das meninas de 15 a 19 anos ficam grávidas todo ano.” Entre todas as nações desenvolvidas, os Estados Unidos é o país com o maior índice de gravidez de adolescentes.

Essa situação é confirmada por Iris: “Os adolescentes só falam de sexo e festinhas. É uma obsessão. E agora, com a Internet nos computadores das escolas, os alunos têm acesso às salas de bate-papo e à pornografia.” Angel, de Madri, Espanha, disse: “A promiscuidade sexual é comum entre os estudantes. Tivemos casos de meninas bem novas engravidarem.”